Salve, salve!
Nesse novo post, decidi falar sobre a minha mais recente odisséia: uma viagem rumo ao centro da cidade para comprar artigos de decoração com o intuito de revestir minha humilde residência com o nobre espírito natalino.
Digo odisséia, já que minha personalidade é notória pela descomunal aversão ao estranho programa (de índio) moderno ao qual chamam de "fazer compras". Sempre que decido sair com minha namorada para ir ao supermercado, à farmácia, à padaria, à lojas de varejo, e afins, sempre perco minha paciência entre infinitas idas e vindas por gôndolas, prateleiras e penduricalhos, voltas essas necessárias para encontrar o item que melhor apetecer o exigente (fresco) gosto de minha linda (fresca) namorada.
Fico revoltado com preços, com a estranha relação custo x benefício dos tempos atuais (Ah, tempo de vovó onde o que você compra o que precisa, e não o que sente que precisa porque viu na net que é moda), com a falação dos vendedores, com os corredores lotados dos malditos shoppings, com o peso das sacolas, com os ônibus cheios, com a indecisão da Juliana (Sim, essa é a graça de minha princesa), enfim... com absolutamente tudo. E acabo chegando em casa PUTO da vida, e perco meu dia inteiro tentando sair do mau-humor assistindo comédias.
Mas dessa vez, algo era diferente.
Como este é o primeiro ano no qual estou vivendo sob o MEU teto, onde EU pago as MINHAS contas, criou-se uma sensação gostosa, daquelas que nos remete à emoção da primeira vez. Além disso, também é o primeiro natal que comemorarei ao lado de minha gatinha, o que torna tudo ainda mais especial. Então, motivado por esse espírito, decidi perder minha virgindade natalina e fui às compras com minha mulher, rumo ao centro, às adoráveis lojinhas de R$1,99, bazares e afins.
Estranhamente, foi muito legal. Foi divertido comprar os diferentes artigos, imaginando eles sendo montados, como um grande quebra-cabeça festivo. Quando uma loja não tinha o que procurávamos, simplesmente íamos à outra loja e fuçávamos tudo em busca das cobiçadas bolinhas de natal, sinos, fitas, luzes, e todos aqueles frufrus natalinos tão cheios de magia. Finalmente, fizemos uma pausa pra decidir o que comer e onde comer. Não tivemos nossa típica discussão alimentícia (Pois a Juliana nunca está com vontade de comer o que eu quero comer, e vice-versa), talvez levados pelo espírito natalino.
Infelizmente, não achamos tudo o que queríamos, mas voltaremos amanhã. E uma nova odisséia se desenrolará.
Muitas pessoas hoje em dia criticam o natal, discursando sobre como o espírito natalino se perdeu em meio ao consumismo desenfreado, se rendeu às grandes corporações e mostrou a bunda ao capitalismo selvagem. Eu discordo deles. Afinal, fui às compras? Fui sim. Gastei muito dinheiro? sim, gastei e vou gastar mais. Mas isso discordo quando eles afirmam que o natal de hoje em dia se resumiu apenas à isso. Afinal, a motivação de ir às compras era ter um momento especial com minha mulher. Momento esse que não se resume ao ato de comprar, mas ao ato de procurar, encontrar, escolher, comprar, levar pra casa, e passar horas e horas montando, enfeitando, rindo, conversando... O "x" da questão não reside na "necessidade" de se comprar tudo, mas nos momentos legais que vivemos antes, durante e depois do ato da compra. (Ato esse que eu vi como um mero detalhe, que julguei trazido ao papel principal equivocadamente pelos críticos do natal)
Poxa, quando você dá um presente à uma pessoa, você o faz simplesmente pra cumprir uma tradição? Ou você usa a tradição como desculpa pra fazer um agrado sincero à pessoas que você ama? Afinal, compramos presentes, mas é impossível presentear à todos com presentes caros. Então presenteamos aos mais próximos, e aos demais escrevemos cartões, mandamos mensagens positivas e tudo o mais.
Nas comemorações em família, as minhas primas têm uma tia (não, não é minha mãe) que, desde que sou criança, ela me presenteia com badulaques como chaveiros, canetas ou meias, acompanhados de um cartãozinho escrito: "Para Caio, que Deus abençoe sua vida". Mas desde que me conheço por gente, sempre fiquei muito feliz cada vez que recebi esse presente. Não pelo valor do presente (que não deve ter custado mais do que alguns centavos no atacado), mas simplesmente pelo "Puxa, ela me deu um presente! Ela deve gostar de mim!". O presentear, no meu ponto de vista, sempre foi um ato simbólico. Um ato no qual você deixa claro: "Eu lembrei de você, e desejo felicidades".
Não, não acho que o Natal morreu. Acho que precisamos de desculpas mais criativas pra criticar o capitalismo, pq essa não tá colando mais.